sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

"Só Presto Contas a Deus"

[from O Tempora, O Mores!]

Esse é o pensamento do evangélico típico de nossos dias.

Quando fui perguntado recentemente por alguém sobre a maior necessidade da igreja evangélica no Brasil não tive dúvidas em responder que é o exercício da disciplina bíblica. Sei que existem igrejas que disciplinam seus membros e líderes e até cometem abusos nisso. Mas creio que já se tornaram a minoria. Na minha avaliação, a grande maioria das igrejas de todas as denominações não exerce a disciplina eclesiástica sobre seus membros e líderes, ou quando o fazem, o fazem de forma equivocada, arbitrária e sem levar em consideração os ensinamentos das Escrituras sobre o assunto.

Para mim esse assunto é relevante, pois a disciplina da Igreja tem como alvo manter a sua pureza e restaurar os faltosos, e se constitui numa das marcas da verdadeira Igreja de Cristo. Onde os pecados passam impunes, os faltosos não são repreendidos, corrigidos e restaurados, onde os líderes cometem pecados públicos claros e não dão conta a ninguém de seus atos, poderá estar ali a verdadeira Igreja do Senhor, pela qual ele derramou seu sangue precioso, em busca de um povo puro e santo?

Para mim, tudo começa pela absoluta falta de dar conta de seus atos que caracteriza líderes e membros das igrejas. Ninguém se sente devedor a ninguém, senão a Deus – esquecendo que foi o próprio quem Deus instituiu a disciplina eclesiástica como instrumento do seu desejo de manter a Igreja pura e restaurar os caídos. Isso é claro especialmente no caso de líderes que construíram seu império eclesiástico e que não se encontram debaixo de qualquer pessoa ou grupo que poderiam corrigi-los e discipliná-los em caso de falta. Pecam impunemente em nome do perdão e da tolerância divinos.

As próprias igrejas não exercem a vigilância, o zelo e o cuidado que deveriam para com seus membros faltosos. Preferem ocultar os pecados cometidos ou exercer algum tipo de restrição que mal pode ser reconhecida como disciplina. E os membros – não se sentem obrigados a prestar contas de seus atos às igrejas que freqüentam e portanto, em caso de serem argüidos de seus pecados e erros, não se sujeitam e não acatam qualquer medida corretiva e simplesmente mudam-se para outra igreja.

Na minha opinião, é um estado caótico de coisas, que compromete a imagem dos evangélicos diante do povo, que toma conhecimento do comportamento irregular de líderes e crentes pela mídia. Juntamente com a crise de identidade e doutrinária, a falta de disciplina contribui para o agravamento da situação de UTI em que a igreja evangélica brasileira se encontra.

1 comentários:

Profetico disse...

Deus está em todo lugar.

Principalmente naqueles em que você menos espera.

Os balcões de indulgências deixaram de funcionar há séculos, entretanto o cristianismo institucional, clássico, conservador, burocrático, ou seja lá qual for o nome que melhor lhe couber, ainda afirma — senão explicitamente, pelo menos na sutileza das entrelinhas dos sermões bradados no púlpito e pautados pela conveniência do poder temporal: “A igreja é o único lugar onde é possível ter um encontro com Deus”. Sacramentos, profecias e curas são algumas das evidências apresentadas em defesa da mesma fé cartorial que Jesus condenou.

Em Descobrindo Deus nos lugares mais inesperados, Philip Yancey também contesta esse monopólio. Textos originais, artigos, anotações e relatos foram reunidos numa edição atualizada e ampliada de uma de suas obras de maior sucesso. Nela, o escritor aponta para o inusitado: o Criador manifesta-se nas ruas estreitas e sujas de uma favela; na placidez de um grupo de baleias; no ascetismo de uma academia de ginástica; nas celas fétidas de uma penitenciária; na genialidade de uma peça de Shakespeare.